quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Com o perdão da cafonisse e agora da palavra,
Maria Bethânia por favor, fale por mim...


O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e assustada, eu disse não
O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e assustada, eu disse não
O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro dentro do meu coração


... Sem mais.

sábado, 20 de agosto de 2011

Le temps...





Sem tempo pra nada.
Sem tempo nem pra ter tempo.
Sem tempo nem pra não ter mais tempo.

Mas será que ''tempo'' é uma coisa que deva ser tão cobiçada assim?
Tempo pra que? A pergunta que ecoa na minha cabeça é a seguinte...
"O que eu estaria fazendo, se tivesse espaço no meu relógio?"
Lendo, escrevendo, desenhando, brincando com meus bichos, dormindo ou pensando... Sabe-se lá!
Seja lá o que for, não poderia ser melhor do que a falta de tempo que o tempo me permite agora. Porque?
Porque sim! E pra mim, porque sim, é resposta e ponto. Sabe porque? Porque não posso mais perder tempo.

Maluquice não?!
Não.
São só ponteiros nervosos que não me permitem pensar muito e se eu parar pra pensar, isso é a melhor coisa que poderiam me oferecer, benditos ponteiros.
Dormir eu durmo menos. Desenhar eu desenho menos. Ler e escrever também. Brincar com meus bichos confesso ser o mais doloroso ter que diminuir de carga horária...
Mas em troca, ganho ''tempo''. Ganho vida e existência.
Correria e respiração ofegante pode ser bem agradável se eu souber como lidar.
Afinal de contas, conheço pessoas que tiveram todo o tempo do mundo bem no meio da palma das mãos, e mesmo assim conseguiram de maneiras mais inacreditáveis possíveis, sem querer e sem perceber, desperdiçá-lo a cada passo vagaroso que o ponteiro dava...

Portanto, pensando bem...
prefiro a minha falta de tempo!


...Vive le temps...